Infancia

“Como são belos os dias

Do despontar da existência!

— Respira a alma inocênciaComo perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,O céu — um manto azulado,O mundo — um sonho dourado,A vida — um hino d’amor!”- Casimiro de Abreu: Meus oito anos.


Nessa ultima segunda feira foi dia da infância.



Foi pesquisando sobre o tema que percebi o quanto sinto falta dos primeiros anos da minha vida. Percebi que eu vivia em outro mundo.

Um mundo completamente diferente desse que hoje me encontro.



Onde morava não tinha grades, paredes, cercas, muros... Divisões. Não que não houvesse necessidade, por que vira e mexe precisava fugir do monstro que eu possuía debaixo da minha cama, ou dos pesadelos que arruinavam meus sonhos, os dos barulhos estrondosos e fortes que rasgavam os constantes pingos de chuvas que vinham do telhado, os passos firmes das pessoas que eu imaginava estarem me seguindo.





Teve uma época que ate mesmo os ruídos vindos da televisão me assustavam... Do escuro eu nem quero falar. Mas mesmo com essas inúmeras coisas que me amedrontavam nunca precisei recorrer a tantos métodos de segurança como hoje preciso. Não me imagino sem uma porta em casa.






Naqueles tempos eu tinha comigo o maior de todos os meus triunfos, a melhor de todas as proteções. Eu não precisava mais que um olhar para alarmá-la. Era linda, grande, forte, poderosa, confiante, acolhedora, quentinha, carinhosa, e me caia muito bem. Eu a chamava de mãe. Nunca em todo esse tempo de vida vi algo mais eficaz ou melhor que a mãe. Os braços da Mãe eram só o que me servia nessas e em muitas outras horas. Sinto falta de caber em seu colo, e me abrigar em seus braços.
Outra figura de que me recordo muito bem, e que me ajudava muito nessas horas era uma espécie de auxiliadora da mãe, um pouco mais frágil confesso, mas muito mais sabia, e com a flexibilidade emotiva incrivelmente indiscutível, com seu perfume de flores, seu olhar terno, suas palavras mansas pelo tempo. Ah que saudade da Vó. Eu nem podia imaginar viver sem minhas duas jóias. Meu mundo sempre foi o mundo delas. Não havia distancia que nos pudessem separar. Se reunia as duas era festa garantida e cheirinho de bolo no ar.





Uma coisa que me marcou muito da vó eram suas historias. Castelos, princesas, reis, rainhas e príncipes.



O bom de ser criança é poder sonhar, se iludir, imaginar e não se ferir quando por fim descobrir que a realidade é uma pessoa sombria e que não acredita em contos. A realidade não deve ter dito vó!




Era nos sonhos, onde os contos criavam vida. Onde eu tinha a sensação de poder realizar o que quisesse, eu era capaz de ser princesa, de construir um mundo, de ter um cavalo na garagem, ainda que a mãe falasse que não era permitido, e um urso no meu quarto! Comparado a hoje eu sabia o que era dormi. Dormi em paz, dormi a noite toda, parar a vida por oito belas e longas horas para simplesmente me dedicar a sonhar. É cheguei a conclusão que dormi é uma arte. Uma arte que só as crianças conhecem bem.




Eu acordava renovada e pronta pra novas experiências, e muitas descobertas. Minha curiosidade não tinha limite nem censura.



Eu ia aprendendo e crescendo sem me preocupar com o tempo. Eu tinha tempo. Eu podia esperar calmamente as horas passarem. Eu tinha uma vida inteira pela frente e não via nada a não serem as nuvens se aproximarem. Nuvens. Ai como era bom olhar pro céu e enxergar, mas do que só o azul e o branco. E não era só o céu que me parecia ter mais cores e formas... A vida me parecia diferente.



Eu aprendi com o passar dos anos, que problemas, ao contrario do que imaginamos não surgiu com a criação do universo, ele surgiu depois que o homem passou a sentir tédio em amar a simplicidade da vida, e procurou um jeito de deixa mais divertida. Ai é que está o ponto, ele errou a mão e acabou desandando o valor da felicidade que temos em viver. Mas o interessante é que os problemas são como podemos dizer... Doenças. Doenças que só atingia humanidade depois de adulta.


Pergunte a uma criança se elas têm problemas? Te dirão que sim.O papai Noel ainda não chegou,o presente que ela quer não veio,ela quebrou o vaso preferido da mamãe. Ai que saudade do tempo em que meu maior problema era o vaso quebrado da mãe.


Era fácil demais ser criança. Brincar, viver, sonhar, crescer... Era bom demais!
Agora o que me resta é cultivar a criança que eu sei que ainda existe em mim, para que essas lembranças sempre tragam a maravilhosa sensação de vida que desde que cresci não sinto tão vivida aqui.



“Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais.”- Casimiro de Abreu:meus oito anos

Nota da autora: Pessoal fiz um mosaico com algumas coisas que pra mim marcou muito a minha infancia.Vamos la com quais dessas voc~es se identificam?

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