Adeus Vovo
Era abril, 27 pra ser mais exata.
Algo terrível aconteceu.vovo morreu.
Me dirigi a São Paulo,minha cidade natal, onde la estavam papai e mamãe... e o resto.
Cheguei ao aeroporto cerca de oito e meia da manha. Sim,madruguei
Me disse que vovo estava melhor agora, que eu não deveria me desesperar por que eu ao contrario de muitos, estive com ele ate o final. Embora não tenha participado do adeus naquela terça feira na sala do hospital.
Fomos para casa. Tomei um banho e me dirigi ao cemitério onde estavam velando o corpo do meu avo. Logo na entrada avistei meu primo, que me comprimentou com grande abraço acolhedor. Aquele abraço me era particular. Já o havia recebido antes. O mesmo tom de desespero, o mesmo grau de seriedade,o mesmo desconsolo. A data era 22.11.06. falta vovo nos faz.
Durante o trageto ate a sala principal encontre mais rostos conhecidos,abraços confortantes,desajeitados, desesperados..mas nada daquilo realmente me importava. Não me importava quem tinha ficado e sim quem tinha ido. Enfim cheguei aos pés do cachão, flores brancas,duas coroas como de cabeceira, tios, tias e mais primos. Olhei para o vovo, tão sereno tão em paz e entendi as palavras da mamãe. Ele realmente estava melhor. Me aproximei toquei suas mãos e a emoção veio a tona. Alguém veio me abraçar. Não importava quem era. Vovo estava morto. Não voltaria pra casa aquela noite. Seu quarto ficaria vazio de hoje
Percebi que mais alguém chorava num cantinho da sala. Me aproximei. Tio Cloves.
Eu poderia imaginar que para ele também não seria fácil, depois de nos era o que mais convivia com vovo. Lhe abracei o mais forte que pude, como se por aquele abraço conseguisse transmitir um pouco da minha força. Que inesplicavelmente voltou a ocupar meu ser. Me retirei da sala, precisa de ar, precisa pensar.. acho que precisava sentar. Alguns minutos depois, quem sabe horas(simplesmente perdi a noção do tempo) o pastor estava ao meu lado perguntando se eu teria feito o texto que me havia sido solicitado para o culto de despedida. Eu sorri da maneira que pude e o entreguei. Ele me perguntou se eu lembrava de algum hino que vovo gostava, ou verso bíblico. Respondi sem pensar.
A hora se aproximava eu podia sentir, meu coração se comprimia ainda mais. Vamos vovo acorde, diz que é tudo brincadeira. De mal gosto. Que hoje na janta terá peixe, pode ser galinha caipira eu não ligo, so levanta daí me abraça forte e diz que vai ficar.
Que vai ficar tudo bem.
Fecharam o cachão. Acompanhamos ate a sepultura que já estava preparada. Um sol forte, todos ao redor, eu não quis chegar perto.o ultimo adeus, a ultima oração, a primeira PA de terra. É isso? Onde vocês vão? Vamos ficar mais um pouco.... não o deixem aqui. Sozinho. Todos se afastam. Entram em seus carros sem trocar nenhuma palavra. Não iríamos pra casa da vovo como fizemos quando ela partiu? Não estaríamos juntos para suportar a dor. Que seja. Não faz diferença, a dor é a mesma. Meu telefone toca. Meninas... como é bom ouvir as vozes de vocês. O caminho ate a casa foi... doloroso. Mas curto. Banho, cama. Dormir. Quem sabe não acorde tudo bem...
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