Voltas que a vida dá


Sempre fui uma criança muito alem do meu tempo quando o assunto era amor.

Adorava filmes romaticos, analisava cada príncipe minuciosamente. Como se daquilo dependesse minha vida. Nunca almejei o casamento... talvez por que não via nenhuma ligação entre homens, aliança, branco, igreja e eternidade.Para mim, príncipe era alguém que você precisava escolher/encontrar cuidadosamente. Já imaginava que a missão não seria fácil, logo vários príncipes passariam por meu departamento analítico.

Durante os anos de espera para iniciar o processo seletivo eu construi junto com a minha personalidade um modelo de critérios que futuramente eu usaria para selecionar o príncipe ideal.. logo de cara cinco coisas estavam decididas:

1- eu não suporto o cheiro de cigarros,odeio como aquela fumaça impregna no cabelo(que desde sempre se tornou meu maior orgulho). Sendo assim,meu príncipe não poderia fumar. Hoje podemos acrescentar também nargile,drogas,charutos e derivados. E isso foi decidido ainda no maternal..

2- Ainda no jardim da infância, pude ter o desprazer de ser apresentada a um mundo totalmente colorido e permanente. Não eu não estou falando de GLS,mesmo por que não tenho nada contra. Estou falando daqueles desenhos, estampados em partes do corpo que nem água ou reza brava podem dirá los de la. As tatuagens. Nunca gostei. Não entrava na minha cabeça os motivos que levaria alguém passar por aquela tortura ou mesmo PAGAR por ela. Pra que? Eternizar? Não da pra pintar um quadro?tirar uma foto? Sei la....alem do mais pra mim isso é uma ofensa. Deus disse que nada nessa terra seria eterno. Por que você, mero mortal se julga superior a ponto de querer eternizar uma figura no seu corpo? Muita pretensão. Falando Nele, nem preciso citar a parte do seu corpo meu templo ne? Mas cada templo sua sentença eu so sabia que a sentença da minha cara metade deveria bater com a minha. Nada de tatuagens. Indiscutível, inegociável, imprudência sem fiança. Game over. Garota de personalidade,disso eu me orgulho de mim.

3- Entrando no primário fui apresentada a mundo alcoólico. Não eu não ingeri nada. Mas tinha um ente, muito querido, que tinha gosto pela coisa. Acho que não podemos classifica lo como alcoólatra mas fraco com certeza...a bebida o levou ao coma, e quase o tirou de nos. Graças a Deus o susto passou,mas as lembranças e o trauma ficaram. Nada de bebidas. Nem social nem regularmente. Como pessoa tudo bem, cada um tem sua vida, faz dela o quer. Mas eu acreditava que apartir do momento que dividimos o que somos com uma outra pessoa deveríamos nos preocupar e zelar duas vezes mais. Não so pela pessoa que esta com você, a saúde dela, os problemas dela, a vida dela... mas a sua. Se você ama não quer ver la sofre e ela sofreria se você partisse. Sabemos que a morte é inevitável e as vezes incontrolável. Mas dar chance ao azar é imperdoável. Ainda mais quando alguém espera de você algo mais, muito mais. Deposita em você uma esperança, um sonhos, projetos,confiança.Voce não esta sozinho,alguém de alguma forma depende de você. E beber não é a maneira mais inteligente e justa de retribuir. Se matar ao poucos é ainda mais cruel que ser inesperadamente tirado de alguém.

4- Não considerava os olhos azuis verdes violetas seja o que for. Não considerava o biótipo malhado,alto... eu queria alguém que soubesse o que queria.assim como eu sempre soube. Não precisava ter a plena consciência no auge dos seus 10 anos o que iria executar nos próximos 30 anos mas queria alguém que soubesse como se estruturar. “não sei que faculdade fazer, mas quero estudar. Não sei em que sou bom, mas quero trabalhar. Não sei quanto quero ganhar, mas quero poder pagar minhas próprias contas. Não sei onde vou morar, mas quero ter minha casa própria. Não tenho um carro mas quero apreender a dirigir um dia...” e por ai segue a vida. Queria alguém determinado. Batalhador. Isso era fundamental. E vinha antes, bem antes da beleza.

5- E ao final quando iniciei minha vida namoristica, aos 13 anos. Passei a observar mais o mundo conceitual alheio. Descobri que todos temos características firmes e imutáveis. Reconheci em meu pai um grande homem. Um exemplo a ser seguido. Precisava de alguém com o respeito que ele demonstra ter por minha mãe,e por todos as mulheres de sua vida(me refiro a minha vo e nos as filhas ¬¬). Eu precisaria de um companheiro tão leal quanto meu pai é a minha mãe. Tão sensato, e terno. Isso eu precisava de alguém sensível a vida.

Pronto meus critérios estavam formulados. Minha constituição estava pronta.

A vida me ensinou que alguns outros critérios deveriam ser levados a serio. A honestidade, a sinceridade, a humildade, a generosidade.

Foi então que as novelas me ensinaram novas coisas. A fidelidade, a atenção, o zelo,o romantismo.

No colegial entrei numa fase cultural. Sempre fui alucinada por livros. Devorava os com uma sede de aprendizado assustador. Como dizia meu pai: um não alcançava o outro.então a partir daí já não era tão fácil me seduzir. Passei a me apaixonar não por pessoas mas por conteúdos.sabedoria, inteligência, historias de vida.teve uma época que eu acreditava que se livros me mandassem flores eu certamente me casaria com eles. Ta ai, no meu ponto de vista de todos os meus critérios esse é o maior desafio na categoria dificuldade. É muito fácil preencher qualquer um dos outros requisito. E é nesse que eu me diferencio das outras meninas.

Agora entram novos pontos a serem avaliados. Castidade, religião,maturidade, passado... não tem sido fácil. A vida ao invés de facilitar so complica... a cada dia,

Mas por outro lado a gente também descobre o amor. Não aquele que via nos meus filmes... tão puro, inocente,valente, e doce... mas o amor verdadeiro. Com suas crises, suas dificuldades reais, seus defeitos,sua imensidão e sua força.

E é esse amor que nos leva a encarar tudo e todos. Ate que chega uma hora em que você se encontra numa dinâmica. Ate que ponto eu o amo? Para onde tudo isso esta nos levado? De repente você percebe que encontrou a pessoa certa. Mas certa pra que? Será que casamento agora tem um significado pra você? Um medo te invade. A sensação de estar correndo demais contra um tempo que em nenhum momento esteve contra você.



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